O MAE/UFBA possui quatro coleções etnológicas: Pedro Agostinho, Aristóteles Barcelos e Maria Ignês Mello, Pankararé e Tuxá. As coleções Pedro Agostinho, Aristóteles Barcelos e Maria Ignês Mello foram concebidas a partir de trabalhos acadêmicos realizados nas sociedades Kamaiurá e Waurá no Parque Indígena do Xingu no Estado do Mato Grosso. A coleção Pankararé, etnia do Estado da Bahia, iniciou a partir da coleta espontânea de pessoas interessados no tema, e, posteriormente, por meio de projeto coordenado pelo Prof. Dr. Fábio Bandeira. A coleção Tuxá, também etnia do Estado da Bahia, foi coletada de forma totalmente espontânea. Todos esses artefatos materializam formas de viver, conviver e estabelecer trocas com o mundo dos humanos e não humanos, especialmente com os “Encantados”, seres míticos e místicos que estabelecem relações de proteção, aprendizagem e ligação com a ancestralidade.
Pedro Agostinho
Professor, antropólogo e pesquisador, Pedro Agostinho da Silva, nasceu em 1937 em Portugal e desenvolveu diversos trabalhos na Universidade Federal da Bahia. Destaca-se em suas pesquisas a coleta de artefatos no Parque Nacional do Xingu, Mato Grosso, na década de 1960. Durante sua vida acadêmica, pode-se destacar a atuação como diretor do MAE/UFBA, a autoria de diversas publicações, docência na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e participação no Programa de Pesquisa dos Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (PINEB), grupo de estudo que tinha como objetivo produzir conhecimento científico nas áreas de antropologia social, etnologia indígena, arqueologia pré-histórica e histórica, antropologia histórica e política indigenista.
Em 25 de agosto de 1983, foram doados ao museu os artefatos coletados pelo pesquisador na década de 60. Esta coleção passou a compor o acervo permanente do MAE/UFBA, sendo proveniente do grupo étnico Karajá (localizado na Ilha do Bananal, Parque Nacional do Araguaia, Estado do Tocantins) e Alto Xingu (Parque Indígena do Xingu, Estado do Mato Grosso). Em um total de 268 objetos, encontram-se braçadeiras emplumadas, brincos, cinto de cordões, coroa, cocar, cestos, abanos, peneira, esteira, tipiti, bolsa, máscara, remo, banco ictiomorfo (animais bípedes), fuso de fiar, zunidor, ralador (ralar raízes de mandioca), chocalho, flauta, bastão oco, apito, guizo, panela gameliforme, tigela zoomorfa, torrador, saia de palha, cinto de capitão (cinto de couro), colares.
Pankararé
A população Pankararé distribui-se em pequenas unidades agrícolas em torno do povoado de Brejo do Burgo, município de Nova Glória, a cerca de 40 km a sudoeste da cidade de Paulo Afonso. Há ainda um pequeno núcleo mais ao sul – o “Chico” -, localizado no interior do Raso da Catarina*.
A coleção foi adquirida pelo MAE em 26 de fevereiro de 1985, através do pesquisador Claudio Luiz Pereira. Apresenta a força de regeneração desta população que a partir da década de 70, do século XX, vem realizando esforços para recriar costumes, crenças e sua cultura material. Dentre os 11 objetos que compõe a coleção estão chocalhos, arco, flecha, cachimbo, apito, colar, jarro.
*Texto extraído do site Povos Indígenas – Fundação Nacional do Índio (Disponível em: http://www.funai.gov.br).
Tuxá
Auto-identificada como tribo Tuxá, nação Proká, caboclos de arco e flecha e maracá, o atual povo Tuxá se considera herdeiro das diversas etnias reunidas, a partir do século XVII, nas missões religiosas católicas instaladas ao longo do curso do baixo médio São Francisco.
“Na década de oitenta, a construção do Complexo Hidrelétrico de Itaparica inundou completamente a cidade de Rodelas e as férteis terras da Ilha da Viúva, território agrícola do grupo. Parte da população optou, em 1983, pelo reassentamento na borda do lago formado pela barragem, próximo às suas ‘raízes’ culturais, permanecendo na nova cidade de Rodelas, enquanto a outra parte decidiu assentar-se em terras mais a montante, às margens do rio São Francisco, nas fazendas Oiteiros e Morrinhos, em Ibotirama. Os Tuxá são muito respeitados no campo ritual, transmitindo seus conhecimentos a outros povos indígenas no Nordeste”**.
A coleção Tuxá, formada em 1983 no MAE/UFBA, por coleta, é proveniente do município de Rodelas, a 543 quilômetros de Salvador, BA. A coleção é composta por vasos e panelas cerâmicas, em um total de 13 objetos.
**Texto extraído do Plano de Desenvolvimento da Educação Escolar Indígena na Bahia (Disponível em http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/es...ÇÕES%20ÉTNICAS/WEBDOCUMENTOS/educacao%20escolar%20indigena.pdf).
Aristóteles Barcelos e Maria Ignês Mello
A coleção xinguana oriunda da aldeia Waurá de Piyu’lagâ foi coletado no período de março a maio de 1998, por Aristóteles Barcelos Neto e Maria Ignez Mello através do financiamento do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CADCT). A coleção Waurá tem uma significativa ênfase na cerâmica, nos instrumentos musicais e na indumentária ritual (máscaras e adornos), não apenas por serem estes artefatos de grande produção, e, ou especial valor simbólico entre os Waurá.
A coleção possui um total de 227 artefatos das etnias Waurá, Kuikuro e Mehináku, dentre estes máscara, rede, torrador de beiju, panela, concha, peneira, escumadeira trançada, cesto, propulsor, coroa trançada, socador de pimenta, zunidor, ralo, diadema, mão de pilão, flauta, escarificador, bastão, chocalho, arco, flecha, clarinete, colar, brinco de plumas, braçadeira emplumada, cinto.